21 Setembro 2011 |
O Dia da Árvore, no Brasil, coincide com a chegada da primavera no hemisfério sul, cuja estação representa a recuperação da vida que estava adormecida no inverno. Comemorado todo 21 de setembro, o dia marca um novo ciclo para o meio ambiente e simboliza um momento para reforçar os apelos quanto à conscientização da importância dos recursos naturais e, especialmente, das florestas.
Na quarta-feira (21), vários estados do país se mobilizaram em torno dessa comemoração e participaram do movimento “Vigília permanente pelo Código Florestal” [http://www.florestafazadiferenca.org.br], coordenado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável.
Em Brasília, o destaque foi o ato público promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, em sua sede, reuniu bispos, padres e religiosos integrantes do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) para apoio e ampliação do debate.
Ética e responsabilidade social
Durante a solenidade, o presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno, alertou sobre a ética que envolve a causa florestal, reforçando a importância de adesão da população e das instituições dos diversos segmentos. “Não se trata apenas de discutir aspectos legais, científicos, econômicos ou ambientais. O Código Florestal deve incluir a ética e a justiça social. Devemos inserir na pauta a dignidade da pessoa humana e das futuras gerações. Não podemos destruir a natureza e a CNBB está comprometida com essa causa”, afirmou dom Damasceno.
Por sua vez, o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília, destacou a importância de se propiciar uma vida harmônica à sociedade. “É essencial discutir os cuidados com o meio ambiente para que tenhamos um equilíbrio nessa convivência das pessoas com a natureza. Queremos participar ativamente das discussões que envolvem o Código Florestal para tentarmos evitar injustiças”.
De acordo com os organizadores, o ato foi para chamar à atenção da sociedade brasileira no sentido de que as pessoas se organizem para proteger as florestas e trate de forma privilegiada a agricultura familiar. “Nesta data tão significativa, lutamos para que o Código Florestal garanta efetivamente a conservação e uso sustentável das florestas em todos os biomas brasileiros, tratando de forma diferenciada e digna os agricultores familiares e as populações tradicionais, combatendo, também, a cultura de impunidade", analisou Pedro Ivo, membro do Comitê Brasil e completou: “É fundamental o apoio da CNBB ao Código Florestal, pois fortalece o movimento, tal como fez na época das Diretas Já e do Ficha Limpa”.
Pedro Gontijo, secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB (CBJP/CNBB), explicou ainda que as reuniões da secretaria operativa do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, responsável pela articulação das entidades membros, são realizadas semanalmente nas instalações físicas da CBJP, que também concentra o recolhimento dos abaixo-assinados em Brasília. “Estamos contentes com o ato público de hoje. É uma oportunidade de aumentar a conscientização com a igreja difundindo o assunto Brasil afora”.
Igreja e a representação da sociedade ampliada
O comprometimento da CNBB com o Código Florestal foi muito bem recebido e elogiado. “A entidade tem o perfil de ser relevante nas posições que assume”, enfatizou o ex-ministro do Meio Ambiente e presidente da Fundação Pró-Natureza (Funatura), Henrique Brandão Cavalcanti.
O ato público na CNBB reforça e amplia o apoio que os segmentos sociais vêm dando quanto à necessidade de se fazer um Código Florestal comprometido com o desenvolvimento sustentável. “Essa iniciativa da CNBB é também fundamental para que a sociedade seja finalmente ouvida em sua amplitude. Até agora não há consenso entre os diversos setores sobre o uso das florestas, biodiversidade etc. Então, a entrada da igreja no debate do Código Florestal contribui para trazer essas vozes e visões das populações dos mais diferentes lugares do Brasil. A sociedade ainda não foi ouvida como deveria. Há um falso dilema sobre desenvolvimento versus preservação. Temos que entender que o meio ambiente não é obstáculo para nada, pois há a opção do desenvolvimento sustentável, que conserva os recursos naturais, viabiliza o pagamento pelos serviços ambientais e abre acesso aos mercados consumidores bem mais atentos à origem dos produtos, sua forma de fabricação, manejo responsável entre outros”, analisou o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza.
O diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, salientou que a nação precisa mobilizar o Congresso Nacional para se fazer representar. “O Brasil precisa acordar para defender o patrimônio que é brasileiro. Os desejos da população precisam ser efetivamente representados. Ao contrario do que aconteceu na Câmara dos Deputados, o Senado Federal tem que ouvir a maioria que deseja preservar. Agora, a igreja com certeza ajudará nessa união.”
Além dos integrantes da CNBB, participaram do evento entidades ambientalistas, movimentos sociais e universitários, representantes da OAB/DF e público em geral. Ao final do encontro, ao som do violão entoando a música “Cio da Terra”, foi plantada uma muda de ipê branco, árvore nativa do cerrado, simbolizando a esperança do povo por uma lei florestal justa e sustentável.
“Escolhemos essa planta como símbolo da vida e da paz. O ipê resiste à seca e nela floresce. É uma árvore teimosa que fica ainda mais bela na adversidade. Assim será com o Código Florestal, que passará por este momento difícil. Temos fé que conseguiremos vencer”, finalizou dom Leonardo
Fonte: WWF-Brasil
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