WWF-Brasil
Na segunda-feira (10), a
chuva que finalmente chegou ao Distrito Federal, depois de longa e castigante
seca, não impediu que o auditório do Museu de República ficasse lotado durante
lançamento do Comitê DF em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento
Sustentável. Políticos, estudantes, estudiosos, entidades e movimentos sociais,
ambientalistas, artístico-culturais prestigiaram a mobilização da sociedade
contra as reformas previstas no Código Florestal, que abrem precedentes para
destruição da vegetação nativa em todo o Brasil.
Na abertura, a geógrafa Mônica Veríssimo,
membro do Fórum de ONGs ambientalistas, apresentou mapas do DF para explicar
sobre a localização das áreas de proteção ambiental e como mudanças na
legislação podem influenciar ainda mais na diminuição de áreas verdes, conforme
já se vê pelas imagens de satélite a devastação ampla do cerrado no Planalto
Central.
Pedro Ivo, do
Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável,
ressaltou a pressão, no Senado Federal, para que o projeto de lei complementar
(PLC 30/2011) seja votado ainda em novembro e do quanto essa pressa pode
prejudicar as discussões para a elaboração de um texto adequado e comprometido
com o cenário político-ambiental internacional e sustentabilidade planetária.
“Não querem que o debate avance até 2012 por causa da Rio + 20 (Conferência das
Nações Unidas em
Desenvolvimento Sustentável ), quando mais compromissos
ambientais entrarão em cena, como, por exemplo, redução na emissão de carbono
pelo Brasil”, destacou.
André Lima, advogado ambientalista, falou sobre o
absurdo que o projeto de reforma propõe quanto à possibilidade de se desmatar
uma área de cerrado em Brasília e “recuperá-la” no Piauí, por exemplo. Lima,
também, convidou todos para se mobilizarem em prol das florestas na 2ª Marcha
contra a Corrupção prevista
para ocorrer em todo o país no feriado de 12 de outubro.
A estudante Iara Vicente, representando o Comitê
Universitário, parabenizou o movimento contra a criação do setor Noroeste em
Brasília, local onde vive uma comunidade indígena Fulni-o Tapuya. “Em nome da
especulação imobiliária, destrói-se o cerrado e a construtora já está cercando
a área dos índios, antes mesmo da decisão judicial. Isso é criminoso, pois
santuário não se move e os povos indígenas são guardiões da biodiversidade”,
salientou.
Na sequência, o poeta Felipe Viteli, da Tribo das
Artes, declamou sobre a situação das regiões administrativas dizendo em um
trecho que o “Recanto já não tem emas, as águas já não são claras e a samambaia
não dá flor”, fazendo sua crítica poética sobre o descuido ambiental e
crescimento desordenado no DF. “Tudo é garantido por lei, mas a lei não é
praticada”, declarou.
Já o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) defendeu a mudança
de paradigma para o desenvolvimento nacional e apontou que a reforma, em curso
no Senado, retrocede décadas em termos de legislação protecionista do meio
ambiente. “É um horror que a liderança da reforma esteja no setor mais atrasado
e mafioso dos produtores rurais. A proposta de mudança no Código Florestal vem
do setor que promove grilagem de terras, devasta o meio ambiente, oprime
trabalhadores dignos e até assassina. É uma direita reacionária que não quer o
avanço do país. Temos que lutar pelo desenvolvimento da economia verde”,
reforçou Sirkis.
Para
ele, o Produto Interno Bruto (PIB) não pode mais ser a única referência de
desenvolvimento, pois é um indicador que mensura quantitativamente e não
qualitativamente a atividade econômica de um país. “Esperamos que na Rio + 20,
um novo conceito de economia seja adotado. Precisamos avaliar também a forma
como as nações estão crescendo. Implantar a economia verde é fundamental face
às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade. Nesse sentido, é
importante precificar os serviços ambientais prestados pelos ecossistemas para
o desenvolvimento da economia. Precisamos formalizar essa nova maneira de
encarar a economia; adotar mecanismos supranacionais para lidar com os
problemas planetários”, explicou o senador Sirkis.
O senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) lamentou que a reforma do Código Florestal não
leve em consideração a opinião dos especialistas que defendem a manutenção das
normas sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL),
assim como a posição dos movimentos sociais representantes dos pequenos
agricultores e da agricultura familiar.
Quanto à diversidade territorial brasileira em termos
de vegetação e produção, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente
da Comissão de Meio
Ambiente do Senado Federal, declarou que várias audiências
públicas conjuntas vêm sendo realizadas com o objetivo de se chegar a um texto
mais equilibrado para o Código Florestal. “É um tema muito complexo. O Brasil
tem muitos biomas e imensa diversidade em relação aos processos históricos de
ocupação das terras. O perfil da agricultura também é variado e vai do pequeno
ao grande produtor. Temos que avançar para uma legislação justa e que não deixe
de proteger, em hipótese alguma, o meio ambiente”, disse Rollemberg.
Para finalizar, Pedro Ivo anunciou que brevemente
serão lançados comitês no Rio Grande Sul, Minas Gerais e Mato Grosso. E você,
já aderiu? Participe
pegando seu abaixo-assinado no site www.florestafazadiferenca.org.br para coletar
assinaturas em sua comunidade e divulgue a petição online.
Serviço:
Para saber mais sobre o
Comitê DF
Telefones (61) 8539.4002 e 8142.4282
E-mail
comiteflorestasdf@gmail.com
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